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Fim de ano sem sufoco: como manter a saúde financeira da empresa durante a alta das despesas
Marcello Marin, contador, administrador e Mestre em Governança Corporativa, compartilha orientações práticas para ajudar empresas a atravessar o fim do ano com equilíbrio, planejamento e decisões estratégicas
O último trimestre do ano costuma exercer pressão significativa sobre o caixa das empresas brasileiras. Além das despesas tradicionais, como folha de pagamento e reposição de estoque, surgem custos sazonais que desafiam até os negócios mais organizados: pagamento de 13º salário, férias, bonificações, aumento da demanda operacional e necessidade de capital de giro ampliado. Em setores de varejo e serviços, a preparação para datas festivas também exige antecipação de compras e reforço de equipe, o que intensifica o impacto financeiro.
Nesse cenário, o fim de ano se torna um teste de maturidade na gestão. Segundo especialistas, empresas que não integram planejamento, disciplina e análise de risco tendem a entrar em janeiro já no vermelho, um erro que compromete projeções de crescimento, margens e competitividade para todo o ciclo seguinte. Para Marcello Marin, contador, administrador, Mestre em Governança Corporativa e especialista em Recuperação Judicial, a melhor estratégia é transformar o período de maior desembolso em um momento de controle e clareza.
"Fim de ano não deveria ser sinônimo de sufoco. O problema não é o volume de despesas, é a falta de previsibilidade. Quando a empresa olha o calendário com antecedência, ajusta o fluxo de caixa e define prioridades, ela deixa de apagar incêndios e passa a conduzir o próprio ritmo. Improvisar custa caro demais para qualquer negócio", afirma.
A seguir, o especialista destaca atitudes essenciais para atravessar essa fase com estabilidade e preparo.
1. Enxergue o calendário financeiro antes do impacto chegar
"O primeiro passo é entender que as despesas de fim de ano não são uma surpresa. Elas fazem parte do ciclo natural de qualquer empresa. Por isso, precisam ser previstas com meses de antecedência. Quando o gestor enxerga o que virá, ele consegue distribuir os esforços, reservar caixa e tomar decisões mais realistas. A saúde financeira nasce justamente dessa visão antecipada", explica.
2. Transforme previsões em números: organize metas e projeções
"Muita gente sabe que o fim do ano pesa mais no orçamento, mas poucas empresas colocam isso no papel. Quando você define, de forma objetiva, quanto precisa para o 13º, quanto vai gastar com estoque ou reforço operacional e qual será o impacto no caixa até janeiro, tudo fica mais claro. O que vira número se torna administrável. O que fica só na intuição vira risco", comenta Marin.
3. Antecipe fluxos de caixa e reduza pressões desnecessárias
"A antecipação faz toda a diferença. Quem organiza pagamentos, renegocia prazos ou ajusta o capital de giro antes do pico de despesas ganha fôlego para decidir com calma. Quando tudo é resolvido só depois que o caixa aperta, a empresa entra numa posição frágil. Antecipar não é só evitar prejuízo, é garantir serenidade para tomar decisões mais estratégicas", analisa.
4. Transforme disciplina financeira em rotina operacional
"Boa gestão financeira não nasce de um impulso, nasce do hábito. Acompanhar o fluxo de caixa todos os dias, monitorar entradas e saídas e manter os controles atualizados evita sustos. Pequenas rotinas criam grandes proteções. Não é uma virada de chave que salva uma empresa, é a disciplina mantida dia após dia", afirma o especialista.
5. Atualize o planejamento conforme o mercado se movimenta
"O fim do ano é cheio de ajustes econômicos e movimentações do mercado. Por isso, o plano financeiro precisa ser vivo. Rever projeções, adaptar compras, recalcular margens e acompanhar indicadores ajuda a empresa a se manter firme mesmo quando o cenário muda. Planejar não é engessar o negócio, é permitir ajustes inteligentes ao longo do caminho", completa.
Para Marin, atravessar o fim do ano com tranquilidade é, acima de tudo, uma questão de preparo. "Eu sempre digo que gestão financeira é intenção somada à coerência. Estabilidade não vem de prever o futuro, e sim de estar pronto para ele. Quem chega ao fim do ano com planejamento, disciplina e flexibilidade não só evita aperto, como começa o próximo ciclo mais competitivo. A estratégia bem feita é o que transforma os desafios em avanço real", conclui.