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Amigos e familiares são principais "credores" dos MEIs, revela pesquisa

Especialista em contabilidade avalia que altos juros e barreiras burocráticas impedem o acesso de boa parte dos microempreendedores aos meios tradicionais de financiamento

Autor: De Assessoria de Imprensa

Um levantamento realizado pela MaisMei, que auxilia a gestão de negócios por meio de um aplicativo, mostrou que 44% dos microempreendedores individuais (MEI) já precisaram pegar dinheiro emprestado, seja para sustentar o negócio ou expandir suas atividades. Chama a atenção que entre as fontes nas quais os microempreendedores conseguiram os empréstimos, quase metade (48,8%) são amigos e familiares. Já os bancos tradicionais ou digitais representam 34,18% desse montante, enquanto as cooperativas de crédito foram as opções viáveis para 9,8%. 7,3% recorreram às alternativas de empréstimos online.

Os dados fazem parte da pesquisa “O Corre do MEI em 2024”, feita pela MaisMei para entender o perfil médio do microempreendedor individual brasileiro. O levantamento contou com uma amostra de 5.640 respondentes, frente à população de 16 milhões de MEIs no Brasil, alcançando um nível de confiança de 99% e uma margem de erro de 2%.

Kályta Caetano, head de Contabilidade da MaisMei, avalia que, mesmo diante de uma oferta cada vez maior de crédito por parte de bancos e demais instituições financeiras, algumas barreiras burocráticas impedem o acesso para boa parte dos pequenos microemprededores. “Os métodos tradicionais de empréstimos bancários exigem, normalmente, análises de crédito ou comprovações burocráticas que muitas vezes fogem da realidade do microempreendedor, seja por falta de instrução ou por não terem o score aprovado. Além disso, as condições de juros nem sempre são acessíveis, principalmente para aqueles que buscaram no regime MEI uma forma de regularizar sua atividade profissional, mas que ainda não encontraram sustentabilidade para seu negócio”, afirma.

Para se ter ideia, em termos de faturamento, 26,6% dos entrevistados alegam receber entre R$2.001,00 e R$4.000,00, enquanto 23,2% ganham até R$2.000,00 como MEI, segundo a pesquisa. Ao todo, 17,2% faturam entre R$4.001,00 e R$6.000,00 e apenas 8,5% recebem acima desse valor. Os demais preferiram não informar; não souberam definir uma média (devido a oscilação); não faturam com o CNPJ ou ainda não possuem faturamento mensal.

Auxílio estatal

Entre aqueles que buscaram ajuda em programas de financiamento do Governo, uma maioria de 64,7% conseguiu obter financiamento. No entanto, a taxa de 35,3% que não conseguiu, segundo Kályta Caetano, reforça a existência de barreiras no acesso a esses recursos.

Por outro lado, ainda de acordo com a MaisMei, 44,5% dos MEIs com empréstimos ativos possuem pendências fiscais ou administrativas, sugerindo a necessidade de iniciativas para capacitação administrativa e educação financeira desses empreendedores.

Em setembro, o Governo Federal lançou, em parceria com o Banco do Brasil, um cartão especial para o MEI, que funciona tanto para o crédito quanto para o débito. Entre os diferenciais dessa opção, destacam-se a isenção de anuidade, o acesso gratuito a plataformas de capacitação, como o Liga PJ, voltado para microempreendedores, e o foco na formalização, facilitando operações comerciais básicas, como o parcelamento de compras e o pagamento de contas, com acesso ao Portal do Empreendedor via QR Code. De acordo com o Governo, outros bancos poderão aderir à oferta do cartão no futuro.

“É uma boa opção para adquirir equipamentos ou insumos que são essenciais para o crescimento do negócio e cujo pagamento pode ser parcelado, permitindo o uso do capital de giro para outras prioridades. Mas é sempre importante ressaltar que o uso do cartão para compras desnecessárias ou que não geram retorno direto para o negócio pode levar a um aumento nas dívidas, prejudicando a saúde financeira da empresa, principalmente se o MEI não separa as despesas pessoais das despesas do negócio”, explica Caetano.

Vale lembrar que em outro levantamento recente, a MaisMei mostrou que cerca de 10% dos CNPJs do regime de tributação do MEI possuem dívida ativa com a União, seja na esfera municipal, estadual ou federal. Nestes casos, é necessário que o MEI faça a regularização o quanto antes, para que a dívida não aumente e, por fim, o empreendedor não perca seus benefícios, como direito à aposentadoria e salário-maternidade.