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Os impactos da "Super Quarta" com Fed, Copom e eleições no Congresso

O primeiro dia de fevereiro não começou nada bem para os investidores, isso em decorrência da aguardada Super-Quarta. Hoje (1), após o encerramento do pregão, às 18h30, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou sua decisão de manter a taxa de juros em 13,75%

Autor: Luiz Felipe BazzoFonte: 0 autor

Copom
O primeiro dia de fevereiro não começou nada bem para os investidores, isso em decorrência da aguardada Super-Quarta. Hoje (1), após o encerramento do pregão, às 18h30, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou sua decisão de manter a taxa de juros em 13,75%.

No relatório, o Copom deixa evidente suas preocupações sobre o compromisso fiscal e até mesmo sobre a possibilidade de uma revisão das metas de inflação, como cogitado pelo presidente. No balanço de riscos, o comitê sinaliza que ainda enxerga riscos pela frente para a inflação, com alertas não só para a evolução das contas públicas, mas também para os debates e recentes discussões com relação a definição das metas de inflação.

O Banco Central também deu suas projeções para a inflação de preços administrados, dizendo que permanecem fatores de risco em ambas as direções são elas: 10,6% para 2023 e 5,0% para 2024. Isso mostra um tom mais elevado em seu comunicado, que reforça a importância do compromisso com as metas de inflação e sinaliza a deterioração das expectativas fiscais.

Os próximos meses serão importantes para inflação e para os juros. A expectativa é de que a autoridade monetária realize os primeiros cortes na Selic em agosto deste ano. Vale ressaltar que a Selic se encontra em 13,75% desde agosto do ano passado. Antes disso, o Banco Central realizou 12 altas na taxa de juros.

Politica
Com a releição do presidente do Senado Federal, o legislativo da sinal positivo ao governo para aprovar futuras leis e garantir a governabilidade do atual presidente da República.

Dólar
O dólar comercial também terminou a sessão desta quarta-feira (1) em queda, depois de o Federal Reserve (Fed, o BC americano) reduzir o ritmo de seu aperto monetário mais uma vez e elevar as taxas de juros em 0,25 ponto percentual.

Um dos principais efeitos da alta na taxa de juros americana é sobre os ativos brasileiros, que consequentemente se tornam menos atraentes para os investidores estrangeiros. Na prática, a elevação dos juros nos EUA incentiva a aplicação em papéis no Tesouro americano, que são mais seguros e oferecem riscos baixíssimos de perdas. A aplicação em países de economia emergente, como o Brasil, é apontada como de maior risco por conta da instabilidade desses mercados. Com menos capital disponível, a chance de que as ações de empresas listadas na Bolsa brasileira sejam negociadas diminuem cada vez mais.

Basicamente, quando os juros sobem, os títulos emitidos pelo Tesouro dos EUA, se tornam ainda mais vantajosos, o que gera um fluxo de investimento maior em sua direção. Ou seja, quanto mais o Banco Central americano subir os juros, menor o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA. E esse diferencial menor acaba sendo importante para determinar, por exemplo, a cotação do real. Investidor estrangeiros podem começar a considerar desinteressante aplicar no Brasil ou em outros países emergentes.

A tendência é o real ficar mais pressionado por essa aumento na taxa de juros mais alta do Fed. Em condições normais, isso é uma pressão contra a valorização do real. Quanto maior a taxa de juros do Fed, menor o espaço para a apreciação do real.

Ibovespa
A Ibovespa recuou na sessão desta quarta-feira, mesmo com o efeito positivo causado pelo discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, nos mercados. Após aumentar o juro básico americano em 0,25 ponto percentual, o dirigente disse que a autarquia fez progressos em sua batalha contra a inflação. A fala de Powell moderou as perdas no pregão de hoje, ele enxerga pela primeira vez [desde o início do ciclo de aperto], um processo desinflacionário na economia americana. Fazendo claramente um aceno a possíveis cortes de juros no médio-prazo, tão logo confirmado um recuo maior das pressões inflacionárias. No fim da sessão, o referencial local registrou perdas de 1,20%, aos 112.074 pontos.

Os próximos meses serão importantes para inflação e para os juros. A expectativa é de que a autoridade monetária realize os primeiros cortes na Selic já em agosto deste ano. Importante frisar que a Selic se encontra em 13,75% desde agosto do ano passado, antes disso, o Banco Central realizou 12 altas na taxa de juros. Até agora, a economia brasileira vem bem e está surpreendendo, mas isso tem muito a ver com a reabertura do pós-pandemia. Não deve durar para sempre, toda essa recuperação cíclica uma hora chegará ao fim e precisará encarar a realidade.

Vale
Ações ligadas a mineração também sentiram o peso do cenário de incertezas, principalmnete as da Vale, que tiveram de lidar ainda com a própria realidade. Papéis ligados ao petróleo também foram afetados, enquanto cotações internacionais caíam 2,5%. Mas entrou também na conta os estoques americanos terem atingido o maior nível desde 2021. O dado reforçando a percepção de que os Estados Unidos estão a um passo da recessão, se é que já não mergulharam nela.

*Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank - uma das principais corretoras de câmbio do Brasil - também já trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. O executivo morou e estudou na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.